Alunos da Escola de Surdos da Ceilândia participam pela primeira vez de uma oficina de literatura de cordel

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Pela primeira vez, alunos do ensino médio da Escola Polo de Surdos da Ceilândia, instalada no Centro de Ensino 2, participaram de uma oficina de literatura de cordel. O evento fez parte do projeto A magia do Cordel, desenvolvido pelo professor Raimundo Nonato Sobrinho, desde agosto deste ano, em escolas públicas da Ceilândia.  Durante quase duas horas, cerca de 50 estudantes surdos, entre leves, moderados, profundos e severos tiveram contato com a literatura popular brasileira com o apoio da professora Rute Vilela que interpretou a eles, em Libras, todo o conteúdo explanado.

Ao final, Raimundo Sobrinho destacou que concluía as oficinas deste ano com chave de ouro, pois um dos objetivos de seu trabalho é também a inclusão. “Foi um desafio porque percebemos que esse grupo de alunos surdos tem pouco acesso à cultura em geral”.

A professora Vania Rosa Barbosa lembrou que a primeira língua dos surdos é a de Libras. A segunda é o Português. “É muito importante para eles terem contato maior com a Língua Portuguesa, e nesse caso da literatura de cordel fica mais fácil porque podem utilizar as imagens como estímulo à criatividade, uma vez que a língua de sinais é bem diferente da que estamos habituados a usar”.

A professora Maria Glevânia Mendes Bezerra sustenta que uma das dificuldades dos surdos no vestibular é a prova de redação e, assim, a escola busca incentivá-los a escrever. Ela lembra que o único vestibular que tem vídeo em Libras é o do Enem. Os exames de faculdades não têm esse tipo de acessibilidade, o que dificulta a entrada dos surdos no ensino superior e, por consequência, no mercado de trabalho. Segundo as professoras da escola, falta acessibilidade aos surdos em quase tudo: em hospitais, espaços públicos, tribunais, entre outros.  

Projeto já chegou em 15 escolas

De agosto até o momento, Raimundo Sobrinho realizou 33 oficinas do projeto A magia do cordel em 15 escolas públicas da Ceilândia, sendo 13 do ensino fundamental e duas do ensino médio, envolvendo a participação de 1561 estudantes. A partir do ano que vem, ele dará prosseguimento em outras escolas da cidade.  O projeto é patrocinado pelo Fundo de Apoio à Cultura (FAC-DF), da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo de Brasília.

Raimundo Nonato Sobrinho nasceu em Chapada (Ceará), em 1973. Em 1992 mudou-se para Brasília já trazendo diversos cordéis de sua autoria. É autor de mais de cem cordéis, entre eles A morte do notebookO jumento tenta comer o papagaio na seca do NordesteO livro e o celular, todos condensados em dois livros: Mostra a tua cara, Brasile Brasil alegre, Brasil Triste.

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