Cordel e monumentos da cidade são pintados em muros com o objetivo de incentivar a comunidade a valorizar o local onde mora
O projeto A magia do cordel, desenvolvido pelo professor e escritor Raimundo Nonato Sobrinho em escolas de Ceilândia desde o ano passado, já atingiu mais de mil e setecentos alunos da rede pública de ensino fundamental e médio da região, local onde funciona a tradicional Casa do Cantador. Com suas oficinas itinerantes de literatura de cordel, levadas a mais de 20 escolas da cidade, o professor Raimundo é um dos que contribuem para que Ceilândia se consolide como polo de irradiação de cultura nordestina no DF. No início deste ano, o GDF validou essa tese ao sancionar a Lei nº 6.474 declarando a “satélite” como a Capital da Cultura Nordestina do Distrito Federal.
“A partir do contato com a poesia popular, em particular o cordel, os estudantes passam a conhecer um pouco mais da realidade do nosso povo, tendo como ferramentas a escuta, a leitura, a escrita e a declamação de cordéis”, afirma Raimundo Sobrinho, idealizador e coordenador do projeto aprovado e executado com recursos do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal (FAC-DF), da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo de Brasília. Ele lembra que, com a pandemia, as oficinas deste ano estão sendo feitas por meio online.
Minha cidade, minha raiz
Na semana passada, a Escola Classe 15 de Ceilândia Sul grafitou um cordel de sua autoria no muro da quadra de esportes, resultado do projeto “Minha cidade, minha raiz” desenvolvido pela instituição com o objetivo de criar nas crianças o sentimento de pertencimento da cidade onde moram. “O projeto vem incentivar a criança e a comunidade no sentido de que valorizem o lugar onde vivem”, observa a diretora Mariângela de Oliveira, ao exemplificar que a escola pintou monumentos nos muros da quadra de esportes que representam a Ceilândia como a Casa do Cantador, a caixa d’água, a Kombi de São João do Cerrado e o cordel!
“Fiquei muito lisonjeado por ter o meu trabalho grafitado no muro da Escola Classe 15 de Ceilândia Sul, fruto dos projetos que realizo na cidade já alguns anos, culminando com essa caravana da magia do cordel pelas escolas públicas”, observa Raimundo Sobrinho lembrando que, nos últimos cinco anos, ele visitou mais de 50 escolas de Ceilândia, sempre levando o cordel por meio de seus livros, oficinas e palestras.
A Literatura de Cordel foi reconhecida pelo Iphan, em 19 setembro de 2018, como Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro.
Raimundo Nonato Sobrinho nasceu em Chapada (Ceará), em 1973. Em 1992 mudou-se para Brasília já trazendo diversos cordéis de sua autoria. É autor de mais de cem cordéis, entre eles A morte do notebook, O jumento tenta comer o papagaio na seca do Nordeste, O livro e o celular, todos condensados em dois livros: Mostra a tua cara, Brasil, e Brasil alegre, Brasil Triste.