Os casos de infecções pelo vírus HIV aumentaram em 2019 no Distrito Federal. Foram 752 notificações enquanto em 2018 foram 701. Também houve aumento, embora mais tímido, quando comparado os dois anos, dos casos diagnosticados com Aids – doença causada pelo vírus HIV. Foram 294 casos confirmados no ano passado, oito a mais que no ano anterior. A Secretaria de Saúde alerta para a importância da prevenção e do diagnóstico precoce para controle da infecção e o não desenvolvimento da doença. A Secretaria de Saúde inicia, nesta terça-feira (1), a campanha Dezembro Vermelho com várias ações pelo Distrito Federal.
De acordo com a Subsecretaria de Vigilância à Saúde (SVS), de 2014 a 2019, foram notificados 4.102 casos de infecção pelo HIV e 2.150 casos de aids. Os dados estão no boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Saúde nesta terça-feira (1º). A divulgação ocorre no dia em que se inicia a campanha Dezembro Vermelho – mês de luta contra a Aids.
Em 2019, de acordo com o boletim, 92% das pessoas em tratamento com medicamentos antirretrovirais apresentaram carga viral indetectável. Ou seja, a situação pode indicar que, apesar do aumento da infecção pelo vírus HIV, a adesão ao tratamento também pode ter aumentado, o que reflete também na redução no número de casos de doentes com Aids.
Os casos de Aids tiveram redução entre os anos de 2014 e 2018. Em 2019, porém, o aumento foi de 2,8%. Já os casos de HIV cresceram durante todos os anos do período citado anteriormente. A gerente de Vigilância de Infecções Sexualmente Transmissíveis, Beatriz Maciel Luz, destaca que as estratégias de prevenção adotadas pela rede pública de saúde podem ter refletido para que o aumento não fosse maior.
“Essas estratégias, como a oferta de testagem, por exemplo, fazem com que as pessoas que vivem com HIV sejam diagnosticadas precocemente iniciando o tratamento de forma oportuna”, afirma a gerente. Beatriz reforça que graças às medidas de prevenção e diagnóstico que a Secretaria de Saúde oferece, além do interesse da população em manter a vigilância da doença “essas pessoas estão aderindo ao tratamento e estão vivendo com a carga viral indetectável. Assim não desenvolvem a forma mais avançada da doença, que é a Aids”.
Situação epidemiológica por região
Entre os anos de 2014 e 2019, o Riacho Fundo I foi a Região Administrativa do DF que apresentou maior aumento nos casos de Aids e HIV. Eram 17,3 casos de Aids por 100 mil habitantes e, no passado, saltou para 30,1 caso por 100 mil habitantes, ou seja, um aumento de 74%. Em relação ao HIV, a infecção pelo vírus atingia, em 2014, 7,4 casos para cada 100 mil habitantes. Esse número cresceu 524%, passando em 2019 para 46,2 infecções para cada 100 mil habitantes.
O Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), que não tinha casos registrados de infecções por HIV nos anos anteriores, notificou, em 2019, dois casos. O coeficiente de detecção do vírus foi de 74,6 casos por 100 mil habitantes.
De acordo com o mapa abaixo, quando se compara 2014 com 2019, o aumento de detecção de HIV também foi maior em Sobradinho, que apresentava, em 2014, o coeficiente de infecção entre 10 e 20 casos por 100 mil habitantes, ficando entre 30 e 40 em 2019. No Gama também houve aumento, passando de 20 a 30 casos para cada 100 mil habitantes em 2014 para 30 a 40 casos por 100 mil habitantes em 2019.
Veja o mapa
O mapa traz redução no coeficiente de infecção no Cruzeiro, que era entre 40 e 50 casos por 100 mil habitantes em 2014 regredindo para entre 10 e 20 casos para cada 100 mil habitantes. De acordo com o mapa, também houve redução em Sobradinho II, Vicente Pires, Taguatinga, Candangolândia e Lago Sul.
Dos casos de Aids, o Paranoá se manteve com o coeficiente de detecção entre 17 e 23 casos por 100 mil habitantes entre 2014 e 2019. Também ficaram estáveis as regiões de Sobradinho II, Santa Maria, Ceilândia, Riacho Fundo II, Varjão e Planaltina, com coeficiente de 6 a 12 casos por 100 mil habitantes. As demais regiões administrativas apresentaram redução, sendo a mais significativa no Lago Norte, que tinha em 2014 o coeficiente de detecção de 23 a 30 casos por 100 mil habitantes regredindo para 0 a 6 casos em 2019.
Veja o mapa
Outras regiões que apresentaram grande redução nos coeficientes foram Lago Sul, Guará e Taguatinga, passando de 23 a 30 casos por 100 mil habitantes para 12 a 17.
Mortalidade por Aids
O coeficiente de mortalidade por aids (por 100 mil habitantes), no Distrito Federal, de 2014 a 2019, apresentou redução de 30% passando de 4,6 para 3,2 óbitos por
100 mil habitantes. Nesse período, a Região de Saúde Norte (Planaltina, Sobradinho, Sobradinho II e Fercal) foi a única que apresentou aumento (81%), passando de 1,7 para 3,1 óbitos por Aids a cada 100 mil habitantes.
As maiores reduções foram observadas nas Regiões de Saúde Sul (Gama e Santa Maria) e Centro-Sul (Guará, Estrutural, Sia, SCIA, Candangolândia, Núcleo Bandeirante, Park Way, Riacho Fundo I e Riacho Fundo II), com 53,5% e 52,7%, respectivamente.
Em 2019, as Regiões Oeste (Ceilândia, Brazlândia e Sol Nascente/Pôr do Sol), Sul e Leste (Paranoá, Itapoã, São Sebastião e Jardim Botânico) apresentaram coeficientes de mortalidade por Aids superiores aos do Distrito Federal como um todo. Nesse mesmo ano, o coeficiente na Região Centro-Sul voltou a crescer, com 22,2% de aumento. A Região Norte também apresentou aumento (21,5% em relação a 2018).
No Distrito Federal, a queda foi de 15,2%, comparados os dois últimos anos analisados.
Em números absolutos, foram 671 mortes por Aids entre 2014 e 2019, sendo 73,2% (491) em homens e 26,8% em mulheres (180).
Prevenção, diagnóstico e tratamento
Em todas as 172 unidades básicas de saúde e no Núcleo de Testagem e Aconselhamento (NTA), localizado na Rodoviária do Plano Piloto, são oferecidos testes, sendo na maioria rápidos, para detecção do HIV. Essas unidades disponibilizam, durante todo o ano, preservativos masculinos e femininos e gel lubrificante.
A rede pública de saúde oferece a Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP) disponibilizada no Hospital Dia e no Hospital Universitário de Brasília, como estratégia de prevenção, além do uso de preservativos. A PrEP é disponibilizada para populações de maior vulnerabilidade e que tenham práticas de maior risco para infecção pelo HIV.
A gerente de Vigilância de Infecções Sexualmente Transmissíveis, Beatriz Maciel Luz explica que “na PrEP, após avaliação por profissionais especializados, o usuário passa a usar um medicamento específico para evitar o HIV, reduzindo o risco de contrair o vírus”.
Além disso, segundo ela, o paciente recebe todas as orientações, como acompanhamento reforçando a importância do uso da camisinha e demais cuidados para não contrair outras ISTs.
Também está disponível em toda a rede a Profilaxia Pós-Exposição (PEP). É uma forma de prevenção da infecção pelo HIV com o uso de medicamentos que fazem parte do coquetel utilizado no tratamento da Aids para pessoas que possam ter entrado em contato com o vírus recentemente, por meio da exposição ocupacional, no caso de profissionais de saúde, por exemplo, ou pela exposição sexual ocorrida em casos de sexo sem camisinha ou de violência sexual.
De acordo com Beatriz, esses medicamentos precisam ser tomados por 28 dias, sem parar, com o objetivo de impedir a infecção pelo vírus, sempre com orientação médica. A Profilaxia Pós-Exposição está disponível em todos os serviços de urgência e emergência, Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs) e no Hospital Dia.
Os casos positivos receberão direcionamento para tratamento específico em um Serviço de Atendimento Especializado (SAE) em HIV/Aids. Nos SAEs são feitos exames complementares para averiguar a situação de saúde e o estágio da infecção para estabelecer o tratamento adequado com os antirretrovirais e outros medicamentos indicados, quando necessário. Ao todo, são oito unidades públicas de saúde especializadas: Hospital Dia (508 Sul), ambulatórios dos hospitais regionais de Sobradinho, Ceilândia e Universitário de Brasília e nas policlínicas de Taguatinga, Lago Sul, Planaltina e Gama.
* Com informações da Secretaria de Saúde
FONTE: AGÊNCIA BRASÍLIA * I EDIÇÃO: CAROLINA JARODN