Um método inovador de busca e rastreamento está sendo ensinado a pelo menos sete cães – das raças Pastor Belga de Malinois, Pastor Alemão e Rottweiller – do Batalhão de Policiamento com Cães (BPCães), da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF). A técnica – Mantrailing – é baseada na habilidade do cão em distinguir um odor específico – que é apresentado a ele a partir de peças de roupa, jóias, calçados usados, por exemplo – e ele segue em busca desse cheiro.
“Esta é uma técnica utilizada principalmente para busca e salvamento de pessoas em matas, mas estamos adaptando o formato para utilizar na busca de suspeitos . Desta forma, as ações policiais com apoio dos cães poderão ser ainda mais efetivas”, explica o Comandante do BPCães, Major Carlos Reis.
“Com a nova técnica, podemos atuar também em áreas urbanas, pois o cão buscará um odor específico deixado pelo caminho”Major Carlos Reis, comandante do BPCães
Atualmente, o método utilizado pelo batalhão é o rastreio, ou seja, o animal segue um caminho deixado no mato, como relata Reis. “O formato utilizado pelo BPCães é eficiente e funciona muito bem, principalmente em locais de mata. Mas a trilha seguida pode não ser necessariamente do suspeito. Com a nova técnica, podemos atuar também em áreas urbanas, pois o cão buscará um odor específico deixado pelo caminho. Com o processo natural de urbanização das cidades, as possibilidades de utilização do cão de rastreio foram reduzidas a espaços rurais cada vez menores, o que pode limitar a atuação dos policiais”.
Capacitação
Em março desse ano , dois policiais passaram oito dias em João Pessoa, fazendo um curso para aprenderem a técnica. “Fizemos o primeiro nível da formação, ainda será necessário passarmos por mais duas fases. Mas o conhecimento adquirido neste primeiro momento já nos permite ensinar outros colegas e treinar os cães”, relata o Cabo Alex Felix.
De acordo com Alex, o resultado do treinamento é muito eficiente. “Os cães do Mantrailing podem fazer buscas em trilhas extremamente envelhecidas, enquanto um cão de rastreamento é limitado apenas a trilhas novas, geralmente com menos de 30 minutos. Em uma média de oito meses os animais poderão participar de nossas operações com a essa nova técnica”.
Todo o treinamento é realizado por meio da colaboração do binômio condutor/cão. “Neste formato de busca, o cão direciona o policial. Os dois ficam unidos por uma guia”, completa Alex.
Outros cursos
A busca pelo aperfeiçoamento de técnicas é constante pelos policiais do batalhão. “Seguindo todos os protocolos de segurança sanitária, temos conseguido participar de capacitações específicas para melhoria contínua de nossos processos”, conta Major Reis.
Neste ano, dezesseis policiais lotados na unidade policial participaram do treinamento oferecido pela Embaixada de Israel – “Emprego de Cães no Combate ao Terrorismo: a doutrina e treinamento das forças de segurança de Israel na detecção de explosivos”. Outros oito policiais realizaram o curso APH Tático, voltado para primeiros socorros à vítimas de arma fogo, em uma empresa formada por policiais federais. Mais 12 realizaram o mesmo treinamento, na Polícia Rodoviária Federal.
Produtividade no trimestre
O BPCães completa 53 anos em 2021. Neste período, coleciona participação em operações bastante exitosas. O reforço de quatro patas é essencial na identificação de substâncias ilícitas e armas. Só primeiro semestre deste ano, o número de acionamentos para apoio em operações realizadas por unidades da PMDF e a outras instituições, como Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) e Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), chegou a 300. A maior parte dos 45 cães desempenha dupla função: no policiamento ostensivo/choque e detecção de substâncias.
“Eles são como um quarto policial dentro da viatura. O uso do animal é essencial em ações em que suspeitos, durante fuga, deixam armas ou drogas pelo caminho, principalmente em ações feitas à noite ou em locais de difícil acesso, como matagais e escombros. O faro dos cães é primordial”Major Carlos Reis, comandante do BPCães,
Parte das viaturas do Batalhão foi adaptada para transportar os cães. “Eles são como um quarto policial dentro da viatura. O uso do animal é essencial em ações em que suspeitos, durante fuga, deixam armas ou drogas pelo caminho, principalmente em ações feitas à noite ou em locais de difícil acesso, como matagais e escombros. O faro dos cães é primordial”, ressalta o comandante do BPCães.
Filhotes farejadores
Os futuros cães farejadores precisam ter impulso muito elevado, pois eles diariamente irão caçar a substância que queremos que ele encontre.
O treinamento dos filhotes começa quando completam 30 dias de vida. Este é o início de uma grande amizade e parceria entre o policial e o cão. O tempo médio de atuação do animal é de sete anos. Depois desse período médio, ele é aposentado.
Os ensinamentos começam mostrando os locais em que o cão irá trabalhar quando adulto, como cascalho, lama, grama, piso liso de shopping e de metal e metrô. Logo depois, conhecem ambientes com sons de todos os tipos, como rodoviárias, barulho do motor de ônibus, estampidos.
Os cães são preparados para identificar explosivos, entorpecentes, armas e munição. O treinamento para esse trabalho é realizado com uso de caixas com os odores que eles deverão identificar nas buscas. Para isso, são estimulados a caçar os motivadores – que são brinquedos como bolas e mordentes. “Eles aprendem que, ao encontrar aquele cheiro, receberão uma recompensa, que é o brinquedo. Para o cão, que é o nosso principal colaborador, o treino é sempre encarado como uma brincadeira e dever ser sempre muito prazeroso”, diz Reis.
*Com informações da SSP/DF