Nono livro de Astrogildo Miag, homenageia a capital federal que se refaz a cada dia para mostrar gratidão a tantos brasileiros que arribaram em busca da sua acolhida e hospitalidade.
A respiração boca a boca do porteiro Carlomar, o envelope com a tarja verde-amarela, Manoel Moreira, o terrorista de Águas Claras, são alguns dos contos marcantes de Astrogildo Miag, em seu novo livro “Em Brasília zero hora” (Editarte, 168 págs, R$ 49,90), que será lançado em Brasília, pela Livraria Leitura do Pátio Brasil Shopping, no Espaço Pátio Galeria de Arte (ao lado da livraria), na quinta-feira, 16 de setembro, das 18h30 às 21h30. Depois de Brasília, a obra será lançada nas cidades baianas de Remanso (terra natal), Salvador, Juazeiro, Feira de Santana e Santa Maria da Vitória, além de Petrolina (PE). Tudo com os mais rígidos protocolos de segurança sanitária.
Há algum tempo Miag acalenta a possibilidade de homenagear Brasília, que tão bem o recebeu quando assumiu um cargo como servidor público. Já na chegada percebeu as grandes diferenças com Salvador, de onde viera. “Como escritor ficcionista que observa e recria a realidade, iniciar o registro no papel foi questão de tempo, principalmente pela grande diferença entre o sertão seco na querida Bahia, onde nasci. Foi esse antagonismo que mais chamou minha atenção. Passei a acalentar escrever ambientado na nova realidade”, revelou o escritor.
A obra
São quarenta histórias bem diversificadas. A primeira tem como título “O nascimento de uma grande cidade”. Inspira-se na debandada de brasileiros em busca de emprego na época da construção de Brasília. Mostra situações cômicas daquele momento histórico, quando boa parte dos moradores das cidades nordestinas queriam ir para Brasília e não tinham meios de viajar. Mostra também Brasília, já cidade grande e formada recebendo parentes dos primeiros trabalhadores que “construíram” a cidade. A partir daí os contos assumem a condução do livro.
Quanto ao título, o autor explica que queria homenagear Brasília nos sessenta anos da sua criação. Quando menino, o pai costumava ouvir a Voz do Brasil, noticiário oficial do governo federal, que, às 19 horas, divulgava as principais notícias do governo. O noticiário era aberto todos os dias com a frase: Em Brasília dezenove horas!! “Inovei a frase transformando em ‘Em Brasília zero hora’, que, segundo a crendice da minha terra Remanso (BA), é um momento onde tudo se faz e se recria. Na compreensão do povo é um momento importante, o início de um novo dia. Então, veio como homenagem a uma cidade que se refaz a cada dia para mostrar gratidão a tantos brasileiros que arribaram em busca da sua acolhida e hospitalidade”, observa Astrogildo Miag.
O livro foi concluído no transcorrer do ano de 2020 e seria lançado naquele ano, não fosse a pandemia. “Esperamos 2021, aguardamos a metade do ano e só agora, setembro, vimos a perspectiva de fazê-lo. A pandemia ainda nos espreita, mas criamos coragem e apresentamos o nono livro da nossa produção literária, homenagem à capital de todos os Brasileiros, que tão bem acolheu-me”, enfatiza o escritor.
O processo de criação
Em “Brasília zero hora” alguns dos referenciais foram criados especialmente para este livro. “Como a brasilidade estende-se a todos os locais, criou-se uma relação direta entre Brasília e os Estados que participaram diretamente ou indiretamente da criação física e humana de Brasília. Por fim, uma das características deste livro são as histórias curtas, objetivas e diretas que transparecem a realidade brasileira”, pontua Miag.
Brasília
A relação do autor com a capital federal é de amor e agradecimento. “Ela foi iniciada há vinte anos quando assumi um cargo como servidor público na então Secretaria de Fazenda, hoje Secretaria de Economia. Foi um misto de deslumbramento e desafios. Retomava a condição de servidor público, como fora na Bahia no início da caminhada. A inquietação da juventude fez-me largar o cargo público para militar no comércio, onde fiquei quase dez anos. Sou agradecido a todos os fluidos e as bonificações que encontrei em Brasília. Aqui iniciei a caminhada como escritor lançando “A santa do pau oco”, em 2003. Só tenho gratidão pela jornada feliz que aqui continuo a construir”, comemora o autor baiano-brasiliense.
O autor
Astrogildo Miag é prosador e poeta. Autor dos seguintes romances, publicados entre 2003 e 2013: A Santa do Pau Oco, O Purgatório de Eduardo, Memórias de um Coroinha, Era uma vez um Comunista, O Legado da Loucura, Lampião, Governador de Brasília. Publicou os livros de contos O Homem que morreu Cinco Vezes (2013), e A curva do vento (2017). É membro da Academia Taguatinguense de Letras e do Sindicato dos Escritores do Distrito Federal.
O primeiro livro que teve como referencial Brasília foi “O legado da loucura”, ambientado em Taguatinga, sua primeira residência no DF. Criou o personagem José de Arimatéia, o Zé Besta, um um maluco que andava pelas ruas de catando tudo que encontrava , até o dia em que foi atropelado e morto. Resolveram abrir o grande saco que carregava nas costas, fosse onde fosse. E, no salão do condomínio onde morava sua mãe, abriram o grande saco de coisas inúteis. Descobriram um bilhete de loteria que, tudo indicava, seria um bilhete sorteado. Começa a festa e a farra de como utilizar os milhões do prêmio e o final trágico para todos. Depois, veio Lampião, governador de Brasília, talvez o livro que mais impacto causou.
Serviço:
O quê: lançamento em Brasília de “Em Brasília zero hora”, de nono livro de Astrogildo Miag
Quando: na quinta-feira, 16 de setembro, das 18h30 às 21h30
Onde: pela Livraria Leitura do Pátio Brasil Shopping, no Espaço Pátio Galeria de Arte (ao lado da livraria)
Informações: (61) 99905-5905