Ex-comandante da PM diz que não recebeu nenhum relatório de inteligência antes do 8/1

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Foto: Carlos Gandra/CLDF

Casimiro também revelou que a ordem para a liberação de acesso à Esplanada dos Ministérios partiu do coronel Paulo José, então subchefe do Departamento de Operações da PMDF

Em depoimento à CPI dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do Distrito Federal na tarde desta segunda-feira (5), o coronel da Polícia Militar do DF, Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues, negou ter recebido qualquer relatório de inteligência das forças de segurança sobre os riscos de manifestações violentas com o objetivo de tomar o poder no país. O coronel Casimiro chefiava o 1º Comando de Policiamento Regional da PMDF no dia 8 de janeiro.

Casimiro disse à CPI que estava de folga no dia 8 de janeiro, mas que se deslocou para a Praça dos Três Poderes quando percebeu a gravidade da situação. “No dia da operação, eu não era comandante. O Departamento de Operações da PMDF me pediu para escalar um oficial e eu escalei verbalmente o major Flávio Alencar para comandar o evento. Eu estava em casa, relaxado, de bermuda. Estava acompanhando as notícias. Quando soube que o comandante-geral estava no terreno, me desloquei para lá também, mesmo estando de folga”, afirmou.

O coronel disse que não recebeu nenhum relatório de inteligência alertando para o que poderia acontecer. “Não tinha informação, não tinha análise de risco, não tinha inteligência, não tinha nada. Para um cenário como esse, o efetivo empregado seria suficiente. Mas, depois do fato consumado, sabemos que o número de policiais foi insuficiente”, disse.

Questionado pelo presidente da CPI, deputado Chico Vigilante (PT), sobre o motivo de não ter sido realizada nenhuma prisão após os atos de vandalismo no centro de Brasília no dia 12 de dezembro, o coronel Casimiro disse que a determinação do comando da PMDF era para restaurar a ordem na região. “Fazer prisões com equipamento de choque não é fácil. Quando chegamos havia muita gente correndo, não tínhamos como saber quem cometeu o crime. Poderíamos cometer abuso de autoridade ao prender um inocente. Nossa prioridade era restaurar a ordem”, respondeu.

Casimiro também revelou à CPI que a ordem para a liberação de acesso à Esplanada dos Ministérios, que se encontrava fechada antes do dia 8 de janeiro, partiu do coronel Paulo José, então subchefe do Departamento de Operações da PMDF. “O coronel Paulo José me disse para abrir a Esplanada aos manifestantes no dia 8 de janeiro”, afirmou. A escalação de alunos do curso de formação da PMDF para atuarem no dia 8 de janeiro também foi apontada por Casimiro como uma atribuição do colega oficial. “A tratativa era do coronel Paulo José”, apontou. Casimiro também revelou que havia setores da PMDF contrariados com a sua nomeação para o comando do 1o CPR. “Havia ciúmes por eu ter assumido um comando tão importante”, disse o coronel.

 

 

O relator da CPI, deputado Hermeto (MDB), disse que seu relatório vai apontar responsabilidades pela falta de planejamento para a operação do dia 8 de janeiro. “Eu vou colocar no meu relatório que houve falta de planejamento e falta de efetivo naquele dia. Os praças que estavam lá no dia 8 são os que têm menos culpa. A culpa era de quem tinha responsabilidade de planejar e elaborar a ordem de serviço”, afirmou Hermeto.

Fábio Félix (PSOL) lembrou ao depoente que durante a reunião para elaboração do Plano de Ações Integradas com representantes das forças de segurança, no dia 6 de janeiro, o coronel Casimiro teria dito que havia risco de tomada de poder. Em sua resposta, o depoente disse ter subestimado a ameaça. “Confesso que não imaginava que a manifestação seria com toda aquela violência”, afirmou Casimiro.

 

 

O deputado Pastor Daniel de Castro (PP) questionou a decisão do comando da PMDF de deixar o efetivo de sobreaviso, que tecnicamente representa um nível de alerta moderado, enquanto o correto, em sua opinião, deveria ter sido deixar toda a tropa de prontidão. “O povo estava nas redes gravando vídeo dizendo que ia para Brasília quebrar tudo. Aquilo não era caso de sobreaviso, mas de prontidão. Vamos ter que saber quem se omitiu. Nós vamos individualizar as culpas e enviar para o Ministério Público”, garantiu. Em sua resposta, o coronel Casimiro informou que a decisão de deixar a tropa de sobreaviso partiu do coronel Klepter Rosa e foi repassada pelo coronel Paulo José.

Thiago Manzoni (PL) perguntou ao coronel Casimiro se ele recebeu algum documento do Departamento de Operações da PMDF sobre o planejamento da operação para o dia 8 de janeiro. “Não recebi. Todas as ordens foram verbais”, respondeu o depoente. Gabriel Magno (PT) observou que a determinação de sobreaviso não é comum nas operações da PMDF. “Fizemos uma pesquisa e descobrimos que em todas as manifestações democráticas anteriores houve forte presença das forças de segurança. Não encontrei uma manifestação em que as tropas tenham sido colocadas de sobreaviso”, apontou.

Paula Belmonte (Cidadania) perguntou ao depoente se já deixou sua tropa de sobreaviso em algum momento de sua carreira como comandante. “Nunca deixei tropa de sobreaviso”, respondeu Casimiro.

Eder Wen – Agência CLDF

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