Ex-secretário de Segurança diz que não podia combater crimes no acampamento do QG, mas GDF deu apoio a pedido do Exército

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Foto: Rinaldo Morelli/CLDF

O delegado Júlio Ferreira disse que governo deu apoio na organização do trânsito, na limpeza e na segurança do acampamento

O delegado da Polícia Federal Júlio Danilo Souza Ferreira, que esteve à frente da Secretaria de Segurança do DF até 2 de janeiro, disse à CPI dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa, nesta quinta-feira (23), que não podia combater crimes no acampamento, por ser área militar, e que o Governo do DF (GDF) deu apoio na organização do trânsito, na limpeza e na segurança, incluindo o Corpo de Bombeiros, a pedido do Exército. Crimes como tráfico de drogas deveriam ser combatido, ainda de acordo com ele, pela Polícia do Exército.

Segundo o ex-secretário, algumas tentativas de desmobilização do acampamento foram canceladas pelo próprio Comando Militar do Planalto. “O general Dutra disse que não poderíamos desmontar o acampamento. Era uma área do Exército. Portanto, precisava haver essa cooperação e o GDF não poderia agir no local. Por vezes, as operações que tentamos realizar ali foram interrompidas porque ele dizia que tinha recebido ordem para que não fosse realizada naquele dia a desobstrução, que eles fariam por conta deles”, contou. Ele admitiu que, no início, considerava o acampamento como “uma manifestação comum”.

Ferreira também argumentou que não é possível culpar nenhuma instituição em relação às invasões das sedes dos três poderes. “Eu tenho total confiança nas forças de segurança do DF. Agora, se houve erro, nós vamos detectar, identificar os responsáveis e que eles sejam punidos ”.

Para o relator da CPI, deputado Hermeto (MDB), a organização dos atos do dia 8 de janeiro ocorreu no acampamento em frente ao QG. “Tinha muito bandido ali dentro”, reforçou. Ele também voltou a defender a oitiva de generais do Exército para esclarecimento à CPI.

Para o deputado Fábio Felix (Psol), os atos foram planejados com antecedência e envolveu autoridades: “A linha do tempo hoje nos mostra que houve uma longa preparação desse grupo extremista, golpista, para efetivar atos extremos e tentativa de golpe de Estado nesse país. Essa CPI tem obrigação de investigar prevaricação por parte de autoridades públicas. Houve omissão, incitação e planejamento intelectual de altas autoridades da República”.

12 de dezembro

Sobre o episódio de violência do dia 12 de dezembro, quando vândalos ameaçaram invadir a sede da Policia Federal e queimaram veículos no centro de Brasília, Júlio Ferreira, então secretário de Segurança, disse que foi ao local e que foi determinada ação rápida da Polícia Militar. Em resposta ao presidente da CPI, deputado Chico Vigilante (PT), sobre o fato de não ter havido prisões no dia dos atentados, ele disse que “a primeira missão era restituir a ordem pública”. Dessa forma, a preocupação inicial foi a de “dispersar” os vândalos.

Segundo o delegado, houve um atraso na atuação dos policiais porque não se tinha informações sobre o risco dos atos. “No dia seguinte, por determinação minha, foi realizada reunião na SSP, com Polícia Civil, Polícia Federal e Polícia Militar para traçar um plano de responsabilização dos envolvidos”, justificou, destacando que a operação resultou em prisões após alguns dias.

Mario Espinheira/ Francisco Espínola – Agência CLDF

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