O mundo da aviação se despediu nessa quarta (16/3) do piloto Gérard Moss. Ele faleceu aos 66 anos na Suíça em decorrência de complicações da doença de Parkinson, que afeta o sistema nervoso central. Pelo facebook, sua esposa Margi publicou uma homenagem, lembrando a luta do piloto pela preservação do meio ambiente:
“Uma vida muito bem vivida. O mundo aos seus pés foi bem visitado, o céu para ti era sempre infinito. A luta em favor do meio-ambiente foi árdua e contínua. Tive muito muito privilégio de compartilhar tudo isso contigo durante uns 40 anos. Você nos deixou prematuramente, após uma batalha travada com determinação e garra, como era padrão em tudo o que vc fez. Você deixou um buraco imenso que nunca vamos conseguir preencher. Seu lugar no meu coração é eterno. Segue em paz, meu amor, nas asas do vento.”
De nacionalidade suíça-brasileira, Gérard Moss ficou conhecido mundialmente por dar a volta ao mundo em um monomotor e um motoplanador em 1989 e em 2001, respectivamente. Foi também um dos principais idealizadores do projeto Rios Voadores, da Petrobrás, coletando amostras de vapor de água em seu avião para estudos ambientais.
Gérard Moss
Acostumado a voar de avião de linha, sozinho, desde os 4 anos de idade, voando da casa da mãe na Suíça até a do pai na Inglaterra, Gérard não parou mais de viajar. Aos 13 anos, fez sua primeira longa viagem terrestre, partindo de Lausanne para Paris com mais quatro amigos numa pequena ‘frota’ de mobilettes.
Desde moleque, ele sempre gostava de velocidade. Nos anos 80, chegou a participar de vários ralis e até correr de Formula Ford no circuito europeu. Mas também nunca teve aversão à lentidão, tanto que morou, por alguns tempos, a bordo de um veleiro em San Diego, Califórnia, atravessado o Pacifico até o Havaí.
Apesar de formado em engenharia mecânica, sempre trabalhou no ramo de afretamento marítimo, profissão que o trouxe para o Brasil em 1983 quando abriu uma empresa no ramo, no Rio de Janeiro, especializada em exportação de soja. Para facilitar a logística, ainda complicada nos dias de hoje, ele passou a usar um pequeno monomotor Corisco (PT-NIQ) para chegar aos portos de Paranaguá, Santos, São Francisco do Sul e Rio Grande.
Desde que tirou o brevê de piloto na Califórnia em 1983, a paixão de voar só aumentou. Ao decolar em 1989 para dar sua primeira volta ao mundo, essa junto com Margi, ele tinha 500 horas de vôo e, ao terminar a segunda circunavegação em 2001, já tinha acumulado 3.000 horas de vôo. Além de ser o primeiro piloto brasileiro a dar a volta ao mundo num avião leve, feito realizado duas vezes (1992 e 2001), Gérard continua sendo o único piloto a utilizar aviões fabricados no Brasil (Sertanejo e Ximango). A segunda circunavegação, no Ximango, é reconhecida pela FAI como voo histórico: a primeira volta ao mundo em um motoplanador.
Tendo morado em vários paises, Gérard se encantou de vez pelo Rio de Janeiro e se naturalizou brasileiro. Em 2006, para ficar mais perto da Amazônia e bem no centro do país, o casal fez fez o impensável: mudou-se do Rio de Janeiro para Brasília.
Com o decorrer dos anos, o foco do casal deu uma guinada devido à precariedade dos recursos hídricos que perceberam do alto, tanto no Brasil como no mundo afora. Começaram a lutar para a preservação dos recursos naturais – tanto as águas doces dos rios e lagos do Brasil quanto as florestas que fornecem a umidade da qual dependemos para tudo.
Por Clarice Gulyas
*Com informações do site http://mundomoss.com.br/