Escritores debatem literatura, história e cidadania
Nos próximos dias 17 e 24 de setembro, das 9h às 11h, o Projeto Café com Literatura e Sociedade apresentará o minicurso “O preço de um sonho: Brasília entre literatura e história”, tendo o romance O preço de um sonho, da escritora Custódia Wolney, como ponte para se observar o espaço urbano de Brasília e as transformações no Planalto Central a partir dos anos 1960 e 1970.
O minicurso será ministrado pelo coordenador do projeto, o professor e produtor cultural João Pedro Pereira Rocha, mestre em História pela Universidade Federal de Catalão. O evento será transmitido via plataforma Google Meet. Os interessados devem se inscrever enviando nome completo e telefone para o e-mail: profhistoria53@gmail.com
Segundo João Pedro, o minicurso representará um momento para aproximações entre história e literatura por meio de textos e imagens que possibilitarão aos participantes uma viagem ao passado de Brasília, a partir do suporte e referência do texto literário.
Criado em 2020, o projeto passou, este ano, a contar com recursos do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal (FAC/DF), ligado à Secretaria de Cultura e Economia Criativa, atuando em parceria com a Academia Taguatinguense de Letras (ATL) e com o Programa de Pós-Graduação em Literatura da Universidade de Brasília (PÓSLIT/UnB).
Cada vez mais, o projeto tem despertado o interesse de professores, estudantes e pesquisadores do Ensino Superior e da Educação Básica. Somente neste ano, mais de 400 pessoas se inscreveram para assistir, em julho e em agosto, as palestras intituladas “Carolina Maria de Jesus em seu Quarto de Despejo: tensões sociais na literatura dos anos 60” e “Poesia e Negritude em Conceição Evaristo”, proferidas, respectivamente, pelos professores Danglei de Castro Pereira e Paulo Petronilio Correia, ambos do (Póslit/UnB).
João Pedro, que é também secretário da Academia Taguatinguense de Letras, observa ainda que um dos objetivos é fomentar o debate mediante minicursos, rodas de conversas com acadêmicos e desenvolvimento de oficinas em escolas públicas de Taguatinga, alinhando aproximações entre literatura e sociedade. Ele destaca que as palestras são todas feitas em modo online, uma vez que esse formato virtual tem sido determinante para o êxito dos encontros de abrangência nacional. “Recebemos inscrições do Espirito Santo, Bahia, Goiás, Piauí, Mato Grosso, Pará, Paraná, Minas Gerais, Maranhão, São Paulo, Paraíba e de um participante de Moçambique, África”, comenta
Para Paulo Petronilio Correia, professor de Filosofia e Sociologia da Educação na Universidade de Brasília, Campus de Planaltina, integrante do Póslit/UnB, o Projeto Café com Literatura e Sociedade é fundamental, principalmente em tempos sombrios como o nosso, de retrocesso cultural. “É importante para pensarmos e problematizarmos a literatura brasileira, e, por meio dela, denunciarmos as múltiplas opressões sociais, a violência, a desumanização dos sujeitos e sujeitas que foram apagados e deslegitimados da nossa História”, ressalta. Segundo ele, com a literatura podemos formar e apelar para uma nova ética e uma nova estética da existência. “Podemos, sobretudo, pensar um novo projeto de humanidade em que diluam as fronteiras entre margem e centro, com a valorização das nossas letras, da produção local, sobretudo as narrativas das mulheres negras”.
O presidente da Academia Taguatinguense de Letras, o professor e escritor Gustavo Dourado, conclui que “o Projeto Café com Literatura e Sociedade, coordenado pelo acadêmico João Pedro Pereira Rocha, tornou-se significativo para a discussão dos grandes temas da literatura brasileira, da literatura do Distrito Federal, do Planalto Central e do Centro-Oeste, com o debate de assuntos diversos: a busca da cidadania, a participação da mulheres, negros e índios em pautas de inclusão sociocultural”.