Crianças em casa, aulas remotas, quebra de rotina: a pandemia pegou todos de surpresa. A readaptação desse chamado ‘novo normal’, foi abarrotada de dificuldades. O início do isolamento social aconteceu em março de 2020. No dia 12/03 as aulas foram suspensas e os pais precisaram se adaptar ao trabalho pelo modelo “Home Office”. De repente foi preciso inserir em suas rotinas a tarefa de atender e suprir as necessidades escolares de seus filhos, o que não foi fácil. Para alguns pais em Águas Claras, esse novo hábito se transformou em um verdadeiro conflito.
A maioria continuou a trabalhar, poucos ainda presenciais e uma grande parte em “home office”. Contudo, as crianças não foram para a escola, ficaram em casa e precisaram de suporte. No início não se tinha certeza do tempo de duração da pandemia; imaginava-se que duraria 2 semanas, que logo se transformaram em 3 meses, evoluindo para um prazo indeterminado, e os pais foram obrigados a aprender e a responder a essa nova situação de sobrecarga de funções.
No caso das famílias numerosas com mais de 2 filhos, a situação foi muito mais atribulada. Não havia computador e celular para todos, os pais precisavam trabalhar, os filhos concluir suas tarefas e o tempo hábil era curto. A escassez de horas disponíveis para dar atenção para cada um de uma maneira individual, acarretava uma sobrecarga generalizada, uma vez que no mundo moderno já existem muitos deveres a serem cumpridos: o trabalho, o serviço da casa, uma eventual compra, as crianças. Agregar tudo isso ao acompanhamento pedagógico que as aulas online exigem, toma quase todo o tempo e quando se percebe, o dia já acabou e não foi cumprido tudo o que foi determinado, acumulando tarefas para o dia seguinte.
Em 2020 todos foram prejudicados; alunos e professores precisaram se adaptar a essa nova realidade agregada ao excesso de trabalho. Foi preciso desenvolver um método dentro de algo que ninguém ainda havia visto e que não existia nenhuma preparação para ser posta em prática de imediato. Porém, de uma maneira geral, o esforço coletivo, o trabalho da escola junto com a família e o esforço do próprio aluno para entender que esse ano saiu do normal, trouxeram resultados positivos dentro de todo o contexto apresentado.
Agora, será preciso compensar e preencher as lacunas abertas para resgatar o tempo perdido. Não será fácil e talvez não se consiga recuperar tudo em 2021, os resultados dessa interrupção deverá se alongar um pouco mais até que se consiga estabilidade para voltar ao nível de antes da pandemia e provavelmente isso não ocorra em 2021, mesmo porque ainda estamos no processo da pandemia, e não temos a previsão de como estará a situação para conseguir dar um direcionamento certeiro e voltar à rotina. Portanto, tarefas ainda irão se acumular e o esforço coletivo será imprescindível para recuperar o conteúdo ainda não aplicado.
As mais prejudicadas, sem dúvidas são as crianças em idade de alfabetização. Essa é uma idade que exige maior dedicação do professor e da família, e, levando em consideração de que no contexto normal já é pesado, na conjuntura de ensino a distância, a alfabetização é muito mais complicada e exige uma maior dedicação de todos.
Os pequenos em fase de alfabetização estão na idade de absorver muito conhecimento, é o ápice da curiosidade. Nesse período, as crianças são verdadeiras esponjas e absorvem todo tipo de informação e com a pandemia e o isolamento, pouco dessa curiosidade foi suprida e os pais em sua grande maioria não conseguiram dar assistência da forma correta e merecida.
No ano letivo de 2020 não se sabia de nada, mas o tempo passou e a situação permanece a mesma. E agora existe a possibilidade da volta da fase de isolamento completo devido a segunda onda. O ponto favorável é que estamos um pouco mais adaptados a essa nova realidade, o que será benéfico em termos de organização de horários e práticas.
Por Luiza Frazão.