A nova realidade escolar

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A pandemia de Covid-19 e a suspensão das aulas levou os pais a reorganizarem uma rotina já consolidada, se tornando um grande desafio e trazendo uma nova realidade para pais e alunos

 

Em Águas Claras, pais de alunos se reinventaram. Quando a pandemia teve início, todos foram pegos de surpresa, a interrupção das aulas presenciais modificou toda a rotina das famílias com crianças em idade escolar. O tempo para a reorganização foi quase nulo e ninguém sabia exatamente como agir diante da nova realidade.

Camile Conte tem 40 anos e é bióloga, divorciada, professora da secretaria de educação e mãe de 4 crianças. Com um pai ausente e uma família numerosa, as dificuldades foram grandes. A mãe de 4 filhos precisou contar com o apoio dos avós para administrar o seu tempo entre trabalho, o mestrado e a educação das crianças, e detalhe, cada uma em uma idade, dois pequenos com 4 e 5 anos e dois adolescentes, um de 11 e outro de 14 anos.

Ela conta que não foi fácil, mesmo sendo professora. “Eu trabalho em escola e, no início, fiquei em trabalho remoto, o que facilitou parcialmente. Eu imaginava que seria mais dinâmico, levando em consideração o fato de que eu ficaria com meus filhos e me dedicaria a eles. Na teoria tudo suave, mas na prática, o caos. Percebi que atender a todas as providencias que eles exigiam, foi exaustivo, e muitas vezes ineficaz, e me peguei em um turbilhão de encargos que quase me levaram ao estresse”, desabafa.

Além dos filhos, Camile tinha o serviço de casa, seu trabalho remoto e seu mestrado, e conciliava tudo isso com suas eventuais reuniões. Assistia aula on-line e não podia ligar sua câmera, nem o microfone, apenas quando precisava falar. “Não dava para deixar aberto, sempre havia alguma interferência das crianças, uma brincadeira, um grito, uma briga corriqueira e eu não arriscava. Certo dia, meu professor perguntou o porquê de eu não ligar as câmeras e quando liguei, ele compreendeu. Não precisei mais ligar”, conta rindo.

Com essa rotina de estudo de quatro em idade escolar diferente, a volta às aulas em neste ano será um alívio e a melhor opção para os filhos da bióloga que estudam em um colégio particular da região.

Já para Camilla Maranha, 37, consultora empresarial, e seu marido, Luiz Maranha, 38, funcionário público, pais da pequena Luiza de 6 anos, a adaptação a essa nova realidade foi tranquila para os pais, mas conturbada para a menina. Eles contam que no começo, tudo era muito novo e havia o medo desse titulado “Novo Normal” causado pela pandemia do Covid-19. Tudo isso, acarretou novos comportamentos que antes não faziam parte da rotina da família.

A família Maranha saía de casa apenas para as compras essenciais, e eles lembram que essa simples tarefa, se tornou uma operação de muita limpeza, (uso de álcool, máscaras, sanitização do que foi comprado), “Um novo mundo se abriu em nossas vidas, eu e meu esposo, nos adaptamos bem, mas para a Luiza de apenas 5 anos na época, foi muito difícil a compreensão de privá-la de liberdade, pois ela não tinha maturidade para entender o que estávamos vivendo”, diz Camilla.

Com o passar dos meses, os novos hábitos viraram rotina e aos poucos eles se adaptaram, e relatam que construíram uma nova vida com paciência e disciplina.

A filha do casal estuda em um colégio particular de Águas Claras, e Luiz Maranha disse que a escola foi rápida em organizar as aulas on-line, que começaram no dia 23 de março de 2020. Ele diz que a hora da aula era o momento alegre do dia dela. Maranha relata que no início, as aulas on-line tinham duração de 1h30min e utilizavam o lúdico para prender a atenção das crianças com o cronograma contendo: as aulas normais, ballet, música, jiu-jitsu e aulas de artes fazendo parte da grade horária semanal.

“Nossa filha amava ver os coleguinhas no vídeo e de modo geral, se adaptou bem. Percebemos que nas disciplinas ministradas pela professora titular ela tinha dificuldades de se concentrar por causa dos estímulos dentro de casa, que são muitos. Por isso, era preciso acompanhá-la de perto para que ela absorvesse o conteúdo e nós, pais, o reforçássemos posteriormente”, relembra.

Quando Camilla e Luiz pensam como foi o último ano escolar da filha, eles afirmam que as aulas on-line não supriram por completo o conteúdo das aulas presenciais nem o planejamento pedagógico do ano, mesmo porque, a carga horária foi menor e a didática foi adaptada ao contexto. Mas acreditam que na idade dela e cursando o Jardim II (pré-alfabetização), ela não foi prejudicada e logo se recuperará.

A mãe da menina diz que a escola foi primorosa. Eles deram todo o suporte necessário para os alunos e as crianças, proporcionando aos alunos, além das aulas on-line, acompanhamento psicológico, participações em lives sociais e interativas. “Para a idade escolar dela, acredito que não houve prejuízo e as atividades foram desempenhadas da melhor maneira”, conclui Camilla.

 

Volta as aulas e o desafio em 2021

As crianças que estudam em escolas particulares retomaram as aulas na semana de 26 de janeiro de 2021, muitas delas de forma presencial. Para organizar o retorno dos alunos, uma escola particular de Águas Claras realizou uma enquete através do aplicativo desenvolvido pelo estabelecimento para calcular a quantidade de alunos que assistiriam as aulas presencialmente e a porcentagem que assistiria remotamente.

Segundo a escola, os alunos que decidirem assistir as aulas em casa terão acesso ao conteúdo por meio de transmissão em tempo real. O que representa uma opção pais e estudantes que ainda não se sentem seguros em ir para a escola.

A diretoria divulga que muitos pais estão indo à escola pessoalmente observar o movimento para analisar se o ambiente está seguro. A preferência da maioria é pelas aulas presenciais, mas em segurança. Isso porque grande parte desses pais não conseguem dar a assistência pedagógica que seus filhos necessitam. As aulas on-line exigem uma disciplina maior que as presenciais, já que as distrações são maiores, o que interfere diretamente no aprendizado.

“Fato é que aulas presenciais auxiliam na rotina das crianças. Dormir e acordar mais cedo, coloca em ordem e permite que seu relógio biológico retome seus horários alterados devido ao período, organizando seus horários, fazendo com que eles novamente se acostumem e organizem seus afazeres”, relata Camille Conte.

 

Novas regras

Para a pequena Luiza Maranha, e muitas outras crianças, a volta às aulas será um presente já que nessa idade eles sentem falta dos amiguinhos, mas foi preciso uma conversa muito séria com a pequena sobre os novos cuidados, a necessidade do uso correto de máscaras, distanciamento social e sobre as adequações no convívio com os colegas. Ela está ciente de que voltar presencialmente à sala de exigirá cuidados, mas está tranquila por causa da confiança no que os pais repassaram para ela, como os protocolos da OMS (Organização Mundial da Saúde) adotados pela escola. A volta as aulas também é um alívio para os pais que já retomaram normalmente ao trabalho.

“No geral, se observarmos tudo se foi vivido, um certo desespero ecoa, porém, tudo ocorreu de forma satisfatória. O medo de se perder o ano letivo foi um fantasma que assombrou pais e alunos por todo 2020, e, agora que tudo está se acalmando, fica a compreensão de que não foi tão complicado assim, apenas algumas mudanças no modelo tradicional que viemos seguindo por toda uma vida” confidencia Camila Maranha.

 

Material escolar

Algumas escolas de Águas Claras incentivaram o reaproveitamento de materiais que foram pouco usados no ano anterior. Com isso, a lista de material escolar deste ano, diminuiu cerca de 20% em relação ao ano passado. Contudo, houve um aumento de cerca de 5% nos itens de material escolar em 2021 pela falta de matéria prima de alguns elementos devido a pandemia, o que ocasionou o encarecimento de alguns produtos.

 

Tecnologia e aprendizado

Portanto, chegamos à conclusão de que no século atual, a humanidade escreveu mais um capítulo em sua história. Ao entrarmos na primeira década do século em 2021, muita coisa já mudou estamos cada vez mais dependentes da tecnologia que vem se aprimorando a cada dia.

Com um aumento significativo inclusive de investimento na área tecnológica voltada para educação, não só os alunos se beneficiam como também próprios profissionais da área da educação. Nessa nova realidade, é fundamental que as pessoas se adequem à tecnologia e a compreenda como algo que veio em seu próprio auxílio.

Enxergar a tecnologia como algo negativo dentro da sala de aula, como no tempo anterior a pandemia, onde era proibido usar o celular na escola, soa desconexo. Hoje em dia a educação anda de mãos dadas com a internet. Com a pandemia, unimos o útil ao agradável e aprendemos a trabalhar usando esse suporte on-line a nosso favor, como nos moldes de plataformas de atividades EAD.

Os chamados nativos digitais, ou seja, as crianças que nasceram nessa era tecnológica já estão muito bem adaptadas, mas a maioria dos professores ainda estão em processo de adaptação. Toda essa junção é positiva e promoverá um maior progresso revolucionário na área de educação. Os alunos gostam dessa interação e sabem até mais que os próprios professores e tem o discernimento para onde se destinar, já que provavelmente nada volte a ser como o modelo tradicional de antes.

 

Por Luiza Frazão.

 

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