Com hotéis vazios, prejuízo pode chegar a R$ 14 bilhões, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo
Cancelamentos de viagens e hospedagens, demissões em massa, aumento de despesas operacionais e adaptação às novas exigências de higiene sanitária são alguns dos principais fatores que têm contribuído com o encerramento de atividades nos setores hoteleiro e de turismo no Brasil. A administradora hoteleira Mariana Pascoal Giardino, que atuou como gerente de vendas em grandes redes de hotéis do país, comenta as principais mudanças desde a quarenta e a expectativa de retomada econômica.
Desde o decreto que instaurou o estado de calamidade pública, em 20 de março, o setor de turismo foi um dos que mais sentiu as consequências da pandemia da Covid-19. Segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, o setor, que responde por aproximadamente 7 milhões de empregos, viu perder cerca de 14 bilhões de reais e reduzir cerca de 300 mil postos de trabalho formais apenas no mês de março.
“A crise do novo coronavírus causou um impacto devastador no setor hoteleiro, resultando em quedas drásticas nas taxas de ocupação, cancelamentos em massa, e uma redução significativa na receita. O dia a dia de trabalho mudou completamente: muitos hotéis precisaram adotar medidas rigorosas de higiene, implementar distanciamento social e, em alguns casos, reduzir a força de trabalho ou alterar suas operações para se adaptarem às novas condições.”, comenta Mariana Pascoal Giardino.
Retomada gradual
A administradora de hoteis, que coleciona espaços de renome, como Hilton, Quality, Comfort, Mercure e Blue Tree em sua trajetória profissional ao longo de 12 anos, avalia que com a queda drástica de ocupação em hotéis e pousadas, o setor deve sentir os reflexos econômicos mesmo após o fim do isolamento social. Uma das principais cidades atingidas é São Paulo, tida como o segundo destino mais desejado do mundo para se viajar em 2020.
“A incerteza sobre o futuro e o medo de contaminação afetaram tanto os hóspedes quanto os trabalhadores, gerando desafios adicionais na operação diária do hotel”, afirma. “A expectativa para o pós-pandemia é de uma recuperação gradual, com a retomada de eventos, viagens corporativas e o aumento do turismo de lazer. Como gerente de vendas, acho que é fundamental apostar em estratégias flexíveis, diversificar os canais de vendas, fortalecer parcerias com agências de viagens e plataformas online, e investir em marketing para atrair tanto o público doméstico quanto o internacional. Além disso, é importante adaptar os serviços às novas expectativas dos clientes, como maior ênfase em higiene e políticas de cancelamento mais flexíveis.”, conclui Giardino.
Foto: Renato Araújo/Agência Brasília